CHOVE CHUVA, CHOVE SEM PARAR

Não havia estrela alguma, só se via nuvens, o céu tinha uma cor alaranjada e eu estava em casa com minha amiga vendo filme ( O Melhor Amigo da Noiva - por sinal um filme maravilhoso e eu recomendo), quando o filme acabou era por volta de meia noite e ficamos sentadas no tapete conversando assuntos aleatórios. Algumas vezes eu olhava o céu pela janela e via relâmpagos, não era uma noite fria, era uma noite agradável, uma brisa bem suave percorria a casa e eu e Tata estavamos adorando o clima e a conversa também. Ainda sentada Tata falou que tinha que ir pra casa (nós moramos em um condominio, o meu apartamento é no segundo andar e o dela é no térreo, nossas varandas são viradas uma pra outra e nós temos o costume de fazer curtos diálogos pela varanda, é mais rápido), quando ela levantou um barulho forte começou e quando juntas olhamos pela janela, começamos a rir, era chuva que havia chegado. Levantamos e ficamos na janela apreciando a chuva e continuamos o nosso papo, até que decidimos que iriamos banhar na chuva, ja era por volta de meia noite e quarenta (00:40), descemos e entramos logo debaixo do pé d'água. A água estava muito fria, quase congelante, mesmo assim permanecemos ali, confesso que nos quatro primeiros minutos tive vontade de voltar pra casa, mas resolvi aproveitar, acho que nós pensamos em desistir, mas continuamos, parecia que banhar aquela hora na chuva era uma questão de honra.
O condominio estava muito deserto, começamos caminhando do meu bloco até a saida do condominio pelo caminho central, fizemos esse percurso umas 3 vezes e depois caminhamos pelas laterais, andamos primeiro pela lateral direita (pra quem entra) e não havia ninguem...
depois andamos pela lateral esquerda, que é cercada e da pra ver a rua e o outro condominio, caminhando por lá vimos o carro de lixo, o mais engraçado foi os homens que estavam coletando o lixo dando "psiu", mandando beijos, gritando pra chamar nossa atenção, nós começamos a rir.
Mais adinate ouvimos barulho de bola, e na quadra esportiva do outro condominio havia dois garotos jogando bola (um tava so de cuequinha bege, quase morro de rir), eles começaram a gritar: -"Vamos jogar bola?"
Nós ficamos rindo diante da situação e gritamos: -"Não, obrigada!"
E continuamos a caminhar pelo condominio, rimos muito e falamos sobre muitas coisas e inclusive sobre os nossos planos para o futuro.
O que eu achei mais legal foi o que a chuva significou pra nós...
Cada gota que caia e percorria todo o nosso corpo levava de nós nossas angustias, nossos medos, nossas tristezas, nossas tensões, parecia que ela estava lavando nossas almas, nos deixando neutras, leves e renovadas.
Quem via toda aquela cena, talvez lembrasse de cenas de filme que passa na TV pela madrugada e para nós que viviamos tudo aquilo sentiamos em um grande parque de diversões.


"Vai chover de novo,

deu na tv que o povo já se cansou de tanto o céu desabar,
E pede a um santo daqui que reza a ajuda de Deus,
mas nada pode fazer se a chuva quer é trazer você pra mim,

Vem cá que tá me dando uma vontade de chorar,
Não faz assim, não vá pra lá, meu coração vai se entregar à tempestade..."